..
Comunicação entre espécies
Comunicação entre plantas
Diferente do que é pensado, as plantas são capazes de se comunicar entre si, estando intimamente ligadas uma às outras. Um exemplo disso acontece quando elas são atacadas por pragas, compartilhando “mensagens” através de compostos orgânicos voláteis (COVs), o que serve como um sinal de alerta para as plantas vizinhas. Alguns COVs, por exemplo, atraem insetos que podem predar os herbívoros invasores, garantindo a defesa da planta contra o ataque. Ao longo da evolução, as plantas desenvolveram uma série de mecanismos de comunicação que podem ser responsivos tanto para ataques, como as furanocumarinas ou inibidores de proteases que dificultam a digestão e diminuem a disponibilidade de nutrientes, dificultando a herbivoria, quanto para adaptações frente a alterações ambientais desfavoráveis, como as fitoalexinas.
Comunicação entre animais
Praticamente todos os animais se comunicam. A comunicação existe até mesmo em espécies solitárias, uma vez que os indivíduos necessitam encontrar um parceiro sexual ou até mesmo marcar os limites de seu território. Geralmente, a comunicação animal não está restrita aos indivíduos de uma mesma espécie. Por exemplo, duas espécies que possuem predadores em comum podem aprender o sinal de alerta que uma das espécies emite para seus coespecíficos e também se beneficiar dessa comunicação de que o predador está por perto.
Há cinco tipos de sinais conhecidos dentro da comunicação animal: os visuais, os acústicos, os táteis, os químicos e os elétricos. Cada tipo de sinal tem vantagens e desvantagens relativas com o ambiente e com a intenção do sinal a ser emitido.
Visuais
Os sinais visuais podem ser emblemáticos quando ocorrem através das cores ou das formas dos animais, ou ostentatórios quando acontece pela aquisição de posturas e alterações de formas corporais. Ambos estão ligadas à estrutura social, podendo incluir gestos, expressões, colorações e posturas. Gestos e posturas são comumente utilizados em rituais de acasalamento, onde a coloração também pode ser bastante importante.
Um exemplo de comunicação visual através de gestos é o lagarto, que quando quer atrair uma fêmea, balança a cauda para cima e para baixo expondo suas cores vivas, porém, se movimentam de forma diferente quando querem afugentar os machos rivais. Expressões faciais também indicam sinais, como por exemplo as corujas, que se esticam para parecerem mais finas e ficarem semelhantes a um pedaço de tronco quando se sentem ameaçadas. A coloração geral de um organismo, além da mudança de cor, também pode agir como um sinal visual, como por exemplo as rãs com colorações fortes indicando que são tóxicas.
Acústicos
Já os sinais acústicos produzem vibrações em alguma parte do corpo e apenas dois grupos de animais conseguiram desenvolver este tipo de comunicação: os artrópodes e os vertebrados. Este sinal possui transmissão instantânea e direcional, atravessando obstáculos e se propagando no escuro. Podem ser vocais, como o rugido de um leão, ou não-vocais, como a estridulação¹ dos grilos, o bater no peito dos primatas e as vibrações das teias de aranhas. Os grilos machos, por exemplo, produzem três tipos de estridulação diferentes: um para anunciar a sua presença, outro para cortejar a fêmea e outro para afastar os adversários indesejáveis.
Os sinais acústicos também podem ajudar durante uma situação de perigo: na vigência de uma ameaça os canários-da-terra avisam uns aos outros da presença de um predador e depois, passam a entoar um coro de notas finas, causando perturbação a ele. Estas aves possuem mais de 350 tipos diferentes de canto, cada um transmitindo um tipo de informação especializada. Variações culturais
Elétrica
Outro tipo de comunicação é a elétrica, constituídas de correntes produzidas por contrações musculares que precisam de meio para condução e independem da luz para acontecer. Esta comunicação é bastante comum em vertebrados primitivos, como os peixes, que desenvolveram alguns órgãos específicos para gerar sinais elétricos. Os sinais elétricos são recebidos pelas células receptoras especializadas, os eletrorreceptores, que se localizam na linha lateral dos peixes, como na Corvina (Plagioscion spp.), imagem abaixo.
As enguias, por exemplo, são animais que possuem uma visão bastante limitada e produzem sinais elétricos para marcação de território e para a corte. Uma vantagem desta comunicação é a capacidade de modelagem dos sinais, sendo que cada tipo de pulso elétrico pode emitir um tipo diferente de mensagem. Além disso, a comunicação elétrica é bem específica, onde cada espécie produz sinais elétricos com comprimentos de ondas definidos.
Tátil
Sinais táteis são mais limitados em alcance do que outros tipos de sinais, pois ambos organismos necessitam estar próximos para se tocarem. Ainda assim, estes sinais são parte importante do repertório de comunicação de muitas espécies. Eles são sinais primitivos de baixo custo energético, não requerendo nenhuma especificidade do ambiente para acontecer e é detectável por uma rede de nervos detectores de pressão e células ciliadas do corpo. É bastante comum em artrópodes, como aranhas e insetos sociais, além de importantes para espécies com fertilização interna, inclusive o ser humano.
Sinais táteis também desempenham um papel importante nas relações sociais, como por exemplo, em primatas, que cuidam um dos outros através da remoção de parasitas, reforçando seus laços sociais. Um outro exemplo seriam os cavalos encostando seus focinhos como sinal de afeição.
Química
Com relação à comunicação química, o olfato é bastante importante, sendo o aparato mais antigo utilizado na comunicação, que evoluiu a partir de mecanismos químicos que organismos primitivos utilizavam para identificar seus alimentos. O principal componente da comunicação química são os feromônios, muito utilizados na demarcação de território, para indicar perigo e também para o acasalamento. Feromônios são substâncias químicas produzidas para fora do corpo que, ao serem liberadas, promovem reações entre outros organismos de uma mesma espécie. Um cachorro ao urinar no poste, impõe que aquele território é seu. Uma formiga esmagada libera feromônios que avisam as demais que há perigo. As abelhas rainhas, ao liberarem diferentes feromônios, comandam toda a colméia.
Glossário
1. Qualquer ruído estridente, agudo.
Para mais informações: